segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Sinestesia



Tic tac, tic tac...
O relógio sussurrava em meus ouvidos.
O tempo escorria em minhas mãos.
Eu ignorava as rugas que estavam surgindo em meu rosto.
Eu estava me apoiando em algo para andar,
e eu não sentia minhas pernas se moverem.
Paralisada.
Eu estava me apoiando em você e você não me sentia, e então...
Eu caia.
Lentamente, um cubo de gelo descia em minha garganta.
Espinhos perfuravam meus pés.
Eu caia. Tão fundo. Tão frio. Tão cinza. Tão morto.
Respiração ofegante. Paralisada.

Eu perdi meus olhos, eles agora são seus.
Eu perdi minha fé.
Eu perdi meu eu.


Agora você pode me ver?
Caindo.


...................................Caindo.



.............................................Ca-
..................................................
Indo.




.................................................C
.....................................................a
........................................................i
.......................................................... n
..............................................................d
................................................................o.


Você consegue me ver ai de cima?
Você pode sentir meu olhar em seus olhos?
Você consegue escutar meu riso que foi calado?
Eu estou indo, mas estou ao seu lado.
Indo.
O nada me espera.
Eu sinto o gosto da solidão.
Eu estou indo.
Eu sei,
Você consegue sentir as lágrimas... O gosto delas.
Meus olhos são seus.
Indo.
O nada me espera.
Eu sinto o gosto da
solidão.
Você consegue me dizer adeus?







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