quarta-feira, 17 de julho de 2013

troféu de herança

carregava nos pulsos uma corrente de penas 
as correntes das máquinas
os pulsos dos relógios
as penas que eu sinto
de mim
do mundo
voando preso 
(e sem asas)
a um cerne de engrenagens enferrujadas
por oxigênios não respirados
- tensões necessárias
enjauladas em um peito
com pulmões colapsados
corações desarmados
em ações de homem civilizado
- o tiro esta no sorriso congelado
nas caras de cavalo
cavalgando no asfalto
quente de vapor
de esgoto
- e a comida no freezer.
satisfeitos em subir
subir
como esse gás
que fede e entope
os buracos criados
para preencher
as necessidades
de ser
mais do que realmente
é - o que corrompe.
- gases borbulham na mente
tais quais borboletas agitadas
e prontas
presas em um casulo que não se rompe.
mas não esqueça:
as lagartas estão soltas
e deixam seus rastros

mortais.



quarta-feira, 10 de julho de 2013

o tem

o tempo corria solto
nos sentimentos presos 

tiquetaqueava o oposto
nos 'viventes', intensos
sós em seu itens
coisas
coisas
coi só
coisas
nada tens


doentes

vidas rasas
flores secas 
- de sóis que ardem
mas não aquecem -
apoiadas em suas orelhas

tropeças
não há muletas
não há atalhos
são labirintos, incertezas
- só o equilíbrio falho 
em um tronco sem galhos
não há ninhos
rastejam, sonolentos
os pássaros
- sem filhos

ri banguela, paguei o preço 
de uma criança que conta estrelas
com o piscar dos olhos.

vi nela, na vida furada
o apreço
do espaço
para sentir 
o vento,

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Elena

Elena é nós que Sentimos.
Delicadamente bonito. poético. meio a gente que é assim, .


Arte que a morte nos separe.

DOGVILLE


         
Dogville (Lars Von Trier, 2003) é uma metáfora ou o próprio retrato do comportamento social humano e psicológico. Um filme cru: cenário riquíssimo, por ser pobre e transparente - não há paredes: vê-se tudo que é visto por todos, mas omitido pelos 'bons selvagens'. Poucos objetos, apenas descrições, para que a luz caia sobre Os personagens - podemos os confundir com objetos, vítimas da sua condição de ser humano e do seu meio. Sentimentos e relações explodindo poesia (disfarçada na ausência de detalhes externos, cores, palavras), está tudo implícito no pouco - de forma profundamente teatral. Há algo que justifique a arrogância, a exploração da delicadeza de uma alma humana, o desejo de dominarmos e explorarmos o outro enquanto negamos a necessidade que temos dele? O que é suficientemente bom? Punir é, também, perdoar e amar o outro - pois o coloca na condição de ser humano e de justiça? Ou, afinal, melhor fim é ser simplesmente tratado como Um animal? Entre mordidas em maçãs esse retrato cai ao chão e o vidro se racha. Vemos, então, uma bela imagem, distorcida em seus cacos cortantes, mas real. Dogville é um lugar que late - por um osso sem carne.