quarta-feira, 3 de julho de 2013

DOGVILLE


         
Dogville (Lars Von Trier, 2003) é uma metáfora ou o próprio retrato do comportamento social humano e psicológico. Um filme cru: cenário riquíssimo, por ser pobre e transparente - não há paredes: vê-se tudo que é visto por todos, mas omitido pelos 'bons selvagens'. Poucos objetos, apenas descrições, para que a luz caia sobre Os personagens - podemos os confundir com objetos, vítimas da sua condição de ser humano e do seu meio. Sentimentos e relações explodindo poesia (disfarçada na ausência de detalhes externos, cores, palavras), está tudo implícito no pouco - de forma profundamente teatral. Há algo que justifique a arrogância, a exploração da delicadeza de uma alma humana, o desejo de dominarmos e explorarmos o outro enquanto negamos a necessidade que temos dele? O que é suficientemente bom? Punir é, também, perdoar e amar o outro - pois o coloca na condição de ser humano e de justiça? Ou, afinal, melhor fim é ser simplesmente tratado como Um animal? Entre mordidas em maçãs esse retrato cai ao chão e o vidro se racha. Vemos, então, uma bela imagem, distorcida em seus cacos cortantes, mas real. Dogville é um lugar que late - por um osso sem carne.

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