Essa é a história de uma cara com as mãos calejadas. Cavou a
vida toda, boca seca, sol a pino, unhas pretas, estômago nas costas, sem família
à mesa. Cavava sob sol, chuva, vendaval, granito. Era um dever, ele dizia. Tava
com o buraco pronto para seu corpo morto. Sobre sua cova, nasceu uma flor sozinha. Fim.
domingo, 23 de dezembro de 2012
quinta-feira, 13 de dezembro de 2012
terça-feira, 27 de novembro de 2012
- Ei, tira esse invisível feijão preto apodrecido do teu dente, guri. Sorria. Sacode os nós desses cabelos estáticos. Samba essa saudade de nós ao meu lado. Molha esses teus olhos cobertos por resistentes remelas transparentes. Veja. Desamarra esses compridos cadarços gelados. Rasga esse teu peito protegido por cruéis armaduras medievais - de plástico. E ama, ama, ama... Também as levezas duras de ser gente, ou bicho. Ama tu, Imperativo, como se tu fosses o rei daquilo que pulsa no nada mais. E me conjuga às tuas fragilidades. Fortemente sentimentais. Que eu também quero ser rainha de copas de árvores da tua sala de estar só. Ser ninguém, pássaro que pousa delicada,mente no ar.
Werther
Que a vida humana é apenas um sonho outros já disseram, mas também a mim esta ideia persegue por toda a parte. Quando penso nos limites que circunscrevem as ativas e investigativas faculdades humanas; quando vejo que esgotamos todas as nossas forças em satisfazer nossas necessidades, que apenas tendem a prolongar uma existência miserável; quando constato que a tranquilidade a respeito de certas qu
estões não passa de uma resignação sonhadora, como se a gente tivesse pintado as paredes entre as quais jazemos presos com feições coloridas e perspectivas risonhas ─ tudo isso, Guilherme, me deixa mudo. Meto-me dentro de mim mesmo e acho aí um mundo! Mas antes em pressentimentos e obscuros desejos que em realidade e ações vivas. E então tudo paira a minha volta, sorrio e sigo a sonhar, penetrando adante no universo.
Que as crianças não sabem o porquê de desejarem algo, todos os pedagogos estão de acordo. Mas que também homens feitos se arrastem como crianças, titubeando sobre a face da terra, e, exatamente como elas, não saibam de onde vêm e para onde vão, até mesmo que não têm um fim determinado para suas ações, igualmente governados por biscoitos, balas e chibatas, ninguém faz gosto em acreditar. Quanto a mim, parece-me que não há realidade mais palpável do que essa.
Concordo de boa vontade, até porque sei o que vais me dizer a respeito disso, que são exatamente essas as pessoas mais felizes. Essas mesmas que, como crianças, vivem o dia-a-dia sem pensar no futuro, arrastam suas bonecas por aí, vestem-nas, despem-nas, e volteiam cheias de respeito diante da gaveta onde mamãe chaveia os bombons, e quando logram êxito, fazendo com que ela os dê, devoram-nos estufando a boca e gritando: Mais!… Sim, estas é que são criaturas felizes!
A coisa também vai bem para aqueles que dão um título imponente para seus trabalhos vagabundos, ou até para seus sofrimentos, e os descrevem como obras gigantescas feitas em prol da salvação e da prosperidade do gênero humano… Feliz daquele que consegue proceder assim! Mas aquele que reconhece em sua humildade onde tudo isso vai parar, quem vê quão gentil é o burguês ao ornamentar seu jardinzinho e elevá-lo à categoria de paraíso; quem tem noção de como o infeliz se arrasta infatigável pelo caminho, sob seu fardo, interessado apenas em contemplar por um minuto a mais a luz do sol – este, asseguro, também é tranquilo e, ao construir um mundo dentro de si, é feliz do mesmo jeito por ser humano. E então, por mais limitado que esteja em seus movimentos, ele mantém no coração a doce sensação da liberdade, sabendo que poderá deixar o seu cárcere quando quiser.
Os sofrimentos do jovem WERTHER (Goethe)
Que as crianças não sabem o porquê de desejarem algo, todos os pedagogos estão de acordo. Mas que também homens feitos se arrastem como crianças, titubeando sobre a face da terra, e, exatamente como elas, não saibam de onde vêm e para onde vão, até mesmo que não têm um fim determinado para suas ações, igualmente governados por biscoitos, balas e chibatas, ninguém faz gosto em acreditar. Quanto a mim, parece-me que não há realidade mais palpável do que essa.
Concordo de boa vontade, até porque sei o que vais me dizer a respeito disso, que são exatamente essas as pessoas mais felizes. Essas mesmas que, como crianças, vivem o dia-a-dia sem pensar no futuro, arrastam suas bonecas por aí, vestem-nas, despem-nas, e volteiam cheias de respeito diante da gaveta onde mamãe chaveia os bombons, e quando logram êxito, fazendo com que ela os dê, devoram-nos estufando a boca e gritando: Mais!… Sim, estas é que são criaturas felizes!
A coisa também vai bem para aqueles que dão um título imponente para seus trabalhos vagabundos, ou até para seus sofrimentos, e os descrevem como obras gigantescas feitas em prol da salvação e da prosperidade do gênero humano… Feliz daquele que consegue proceder assim! Mas aquele que reconhece em sua humildade onde tudo isso vai parar, quem vê quão gentil é o burguês ao ornamentar seu jardinzinho e elevá-lo à categoria de paraíso; quem tem noção de como o infeliz se arrasta infatigável pelo caminho, sob seu fardo, interessado apenas em contemplar por um minuto a mais a luz do sol – este, asseguro, também é tranquilo e, ao construir um mundo dentro de si, é feliz do mesmo jeito por ser humano. E então, por mais limitado que esteja em seus movimentos, ele mantém no coração a doce sensação da liberdade, sabendo que poderá deixar o seu cárcere quando quiser.
Os sofrimentos do jovem WERTHER (Goethe)
Penso que o ato, mesmo sem ação, de sentir é o 'pensamento' mais livre. Sem impregnações do passado ou futuro, é a Criação do não pensar ou pensar sobre o agora, sem ter que, necessariamente, pensar. É fluido, leva o ser nele mesmo a ele mesmo. Você parte de si e chega no que verdadeiramente é. Sem precisar de ninguém, ou bagagens, mapas, etc. Pois há uma continuidade infinita entre o que verdadeiramente existe. Você não é nada, além do sentimento do mundo. Sinto o ato de pensar. Desconstruo-me em ilimitados grãos, construo-me vazia na, caleidoscópica, imensidão.
Sempre acreditei no vento que contorna nossas rugas.
Seja lá qual for o chão sobre o qual pisamos, ou quais são as marcas que o sol deixou na nossa cara, só se sente aquele que já teve a sua exposta, como o chão, pra ser pisada, ou vivida. O vento alcança as tuas curvas marcadas, não te preocupes. Essas coisas Miúdas só dá pra sentir quando é grande (lá dentro).
Seja lá qual for o chão sobre o qual pisamos, ou quais são as marcas que o sol deixou na nossa cara, só se sente aquele que já teve a sua exposta, como o chão, pra ser pisada, ou vivida. O vento alcança as tuas curvas marcadas, não te preocupes. Essas coisas Miúdas só dá pra sentir quando é grande (lá dentro).
quinta-feira, 1 de novembro de 2012
quarta-feira, 24 de outubro de 2012
caçadores noturnos
um tigre (olhos cheios de prantos inocentes)
engasgado na sua selvageria
pura, pura, pura
nos meus sonhos, sempre nos meus sonhos, minha mente,
persegue-me
o predador mais Temido
nada em si, silencioso
engasgado na sua selvageria
pura, pura, pura
nos meus sonhos, sempre nos meus sonhos, minha mente,
persegue-me
o predador mais Temido
nada em si, silencioso
quarta-feira, 17 de outubro de 2012
présê (azul para esquentar o pé)
nos sinais abertos, verdes, aceleram-se vorazes oceanos
nos olhos cobertos, amarelos, escorrem-se mundanos sais
lenta
mente
perdeu-se vermelha.
(sem voz, sem cais, sem cor,
Senhor, sem hora, sem panos
Para vestir seu porto nu, céus)
nos olhos cobertos, amarelos, escorrem-se mundanos sais
lenta
mente
perdeu-se vermelha.
(sem voz, sem cais, sem cor,
Senhor, sem hora, sem panos
Para vestir seu porto nu, céus)
terça-feira, 16 de outubro de 2012
''Metamorphosis'' de Vladimir Kush. |
"Os surrealistas deslizam pelas águas mágicas da irrealidade, desprezando a realidade concreta e mergulhando na esfera da absoluta liberdade de expressão, movida pela energia que emana da psique. Eles almejam alcançar justamente o espaço no qual o Homem se libera de toda a repressão exercida pela Razão, escapando assim do controle constante do Ego."
(Mariáh Majolo)
(Mariáh Majolo)
quinta-feira, 4 de outubro de 2012
ATRÁS-VÊ-SE A PONTE
http://www.youtube.com/watch?v=pWuikHV1SDo&feature=relmfu
Penso linhas horizontais
Penso linhas horizontais
O horizonte é uma linha
Sozinha, Infinita
Um ponto
Redondo
Infinito
Giros dentro de mim
Ou de outro
Eu
não sei rodar
Por não caber outra
no não espaço – não há lugar
É mais dentro
E fora
Do transeunte
Que navega constelações
Vai - embora e contudo
no mar pontilhado
geométrico, egolátrico
hoje ou oge, não há outro tempo
agora é o ponto
exato da exaustão
tanto erro
pra nenhuma explicação
janta gente
para descobrir o gosto
ausente
de ser
um ponto
que nada finda.
Nada, nada, nada
cem anos
oceanos
sem panos
nus
livres de qualquer contorno
linhas são
apenas horizontes
para dormir o sol
entre a ponte da solidão
amarre-nós
nos cadarços dos pés
as pontas, as penas
as pontas, as penas
pelados de poeira e adornos
amar-nós
nós são pontos
dentro de outros
somos sós
ponte e lados
ponte e lados
findados a pós
VOCÊ VÊ ATRAVESSANDO A PONTE?!...
.
VOCÊ VÊ ATRAVESSANDO A PONTE?!...
.
segunda-feira, 1 de outubro de 2012
Sinestesia, era sobre isso que falávamos.
Palavras, palavras, palavras...Verbos sem ações. E, agora, aprendi a amassar o processo das coisas, não há cronogramas pra seguir, não há, não há, não há tempo pra amar na hora certa. Dance errado, corra errado, sente errado, beije errado, responda errado, balance errado, voe errado.
Não pouse, arrependimento, nos meus ombros.
E deixe os sons voarem. Vejo
a melodia, em cores, penetrando nos ouvidos de outra pessoa. O cheiro desses sons levando, o gosto dessa respiração indo, o calor nos olhares dançando um passo novo e longe do que não é perto. Parte de mim veleja e eu mergulho. Parte, voe, vai-te. Eu já quebrei meu relógio e os ponteiros fincaram meus verbos e imagens de um futuro passado imperfeito imaginado. A vida é pássaro, é errado como tudo que é vivo e eu aceito. Agora. Só agora.
Eu só.
Os novos mares aceitam tuas novas asas, pois são os mesmos. Velhos, eternos. Escutarei as ondas quebrando no amanhecer, ondas de cor, ondas de som. Sempre as mesmas. Não as sensações. Pássaros, por mais que vão, e são, estarão sempre no céu. E nos encontramos. Pra onde olhará no entardecer...Hoje eu abri as janelas e sai. Desejei que teu acordar seja sempre amarelo
de uma cor diferente.
sábado, 29 de setembro de 2012
escutei,no escuro, um silêncio esculpido
Quando silenciava, geralmente não entendia. Como esse caos barulhento no peito se mostra tão plácido na face? E os olhos, encolhidos, buscam enxergar algo que acomode, que diga, desenhe as palavras na forma e na intensidade que são, sem roubar-lhes a candura, a plenitude, a verdade. Quando a mão no ar precisa de argila pra moldar, neste caso, incompletudes. A testa enruga, as palavras, a poesia, ficam presas, penetram em algum vão, curva, buraco dentrodentrodentrodentro, desconhecidos pelos mapas anatômicos, pelos sons, pelas imagens. Onde o sangue não penetra, os tecidos não preenchem, o ar não chega. Ai. Ai é o lugar onde cavam em mim as palavras que silenciam meu rosto, paralisam meus olhos, enquanto, refletido nas minhas pupilas, o mundo gira, bocas se mechem, carros passam, a televisão vomita algo, e eu finjo olhar uma coisa que, ao menos, existe. Enquanto o que se vê é anterior à pele. Dentro de mim, tortura-me a vida por dizer. Tem uma esquina, tem uma vírgula que escutaescutaescuta o que eu acabo de ouvir: "Você faz noção do buraco que tem em mim por tanta falta que sinto de você? Meu vazio tem nome..." E eu respondo que há pessoas que nos declaram seus vazios, tão cheios de vida impregnada, para que eles nos preencham. Silenciosos.
domingo, 26 de agosto de 2012
Sobre partir
Preconizo meu precipício. Haverá, inadiavelmente, algum princípio dentro desse denso nada em que me impulsiono. Estarei sempre, obliquamente, no limite entre meu calcanhar, a superfície do morro (verbo ou lugar?) e o ar. O disparar a que me proponho, é um peito descompassado e um estômago oco. Ãh, um sufoco, folego, fração de segundo, sussurro. Uma vida simples de quem está disposto a cair ou a voar - a partir de um passo.
De dança.
De dança.
sexta-feira, 3 de agosto de 2012
Plantei uma pipa nocê
Uma pipa (português brasileiro) ou papagaio de papel
(português europeu), também chamada de papagaio, pandorga ou raia, é um
brinquedo que voa baseado na oposição entre a força do vento e a da corda
segurada pelo operador. É composta de papel que tem a função de asa,
sustentando o brinquedo. Conforme o modelo pode contar com uma rabiola que pode
ser de sacola, que é um adereço preso na parte inferior para proporcionar
estabilidade, também pode usar uma linha. É um dos brinquedos mais utilizados
por crianças, adolescentes e até adultos. Na maioria das vezes, não há um local
apropriado para a prática desta brincadeira. Os pipeiros, como são chamados,
acabam brincando em meio a fios de alta tensão em ruas e avenidas.(Retirado, preguiçosamente, do Wikipédia) Poesia disfarçada.
Atravessei, caleidoscopicamente, um corredor dentro de um envelope
lacrado com cola bastão, um remetente em branco escrito à mão ao lado de um
selo de um lugar nenhum colado com saliva amanhecida. Silencioso, apenas os barulhos dos passos,
que ora avançavam, ora retrocediam, ora giravam, como as cores atemporais
imersas em um relógio sem pilha. Cata-ventos. Toc, toc, toc, tic, tac, tic,
tac, tic, toc, toc, toctoctocotoctoctoctoctctctccc. Tanto caminhei, com a
energia do sol, para conseguir ultrapassar a perfeição de ser imperfeito e
aceitar a imaturidade de poder crescer. Três gaivotas rodopiando no ar,
enroscando-se em pipas, livrando-se das fitas presas às suas asas, sendo soltas
pelas pequenas mãos que seguram, lá em baixo, as cordas. “Quer gelatina de
sobremesa? Eu posso poder não ser séria, e não querer o poder. Há sagus nas
minhas células justapostas ao oposto da matéria.” E rir quando quiser e puder; chorar
quando precisar e quando pudor, sem vergonha, e sentar no meio fio, e cair do
meio termo, e tremer em maio, e dançar no frio. E bater a cabeça no meu feio. Frear
o desespero. E desmaiar, só pra se lembrar de que dá pra levantar (voo). Concomitantemente,
na parede ao lado, dentro de um quarto, o pintor doente, olhos fundos,
contornos roxos, jogava tinta sobre a tela ao ritmo do meu caminhar. Era um
corredor branco. Todo branco. Mas meus pés, que antes pisavam em tijolos,
estavam tingidos. Tinta de árvore. Onde, sem medo, eu me enroscava. Pipa, em
meu português, tão simples. Um papagaio de papel, feito de árvore, repetindo sussurros
da cidade em meu ouvido, fez-me entender as não intenções de viver sem
tentáculos para capturar as tentativas frustradas de acertar o x da questão. Eu
quero a, sem questionar. Sementes. Faz mal eu plantar palavras assim, desse
jeito desavisado? Dançando com a parede e com a respiração dos olhos fundos. A brisa
daquele mar ainda penetra, em ondas, pelo meu nariz. Minha cabeça adentra uma
sacola, ao vento, para dar estabilidade aos fios desconexos do que penso. Vou
contar uma coisa: em baixo da pedra no meio do caminho, tinha uma carta. Só hoje
consegui ler o que estava escrito (em mim). Eu não gosto do exato, não, não é exatamente
isso. Das ruas sem curvas, das portas sem trincos, das orelhas sem furos, de
espelhos sem trincas, das pessoas sem vidas, das doenças sem curas, dos olhos sem olheiras, das bocas
sem sede, das mãos sem calos, das pedras sem peso, eu não sei. Sobre mim. Sobre
mim, tem um ninho de passarinho. Um bicho sozinho com seus ovos, catando vento
para se alimentar. Eu o imagino dando vento mastigado para seus filhotinhos. Quem
dera ter a leveza dos seus ossos. Quem dera ser a pena. Quem recebera a sutileza
do seu pousar no ombro? O que viveu a sua tela enquanto eu parei? Qual é a cor
estática? Qual o movimento da mão do homem à espera de um passo? Para onde seus
olhos olham? Atravessam as paredes, e aceitam um corpo parado em um lugar aonde,
perspectivamente, vai-se. E se não der pé? Pintou em mim asas com o roxo das
suas olheiras. Agora é calmo seu rosto. Não há um corredor, não há perspectivas
– o tempo morreu com um cerol no pescoço - só qualquer espaço, não há paredes
para serem atravessadas, só uma dança com a música que você sussurra na minha orelha de papagaio. Da pra repetir
uma palavra? Uma história atrasada? Minha pandorga nunca repete, é o mesmo, mas com um
tom diferente. Vamos sustentar nossos brinquedos. Há sempre uma carta em baixo da pedra e da palavra. Cê lê pra
mim? A gente fica tão leve assim, com a cara nua, empinando pipa no meio da
multidão, empenando asas pra tirar os pés das ruas, e tirando da testa as rugas
de alta tensão com um beijo de pipa.
quinta-feira, 2 de agosto de 2012
terça-feira, 17 de julho de 2012
-
Pontas dos teus tantos dedos tocando piano nos meus cílios
Contas das tuas tantas compras voando com as folhas no jardim
Prontas tuas tantas falas contando retratos para os teus filhos
Sentados sozinhos nos balanços dos meus braços moles
Meus fins brincando nos teus meios nos lados nos cantos dos teus lábios
Partidos
De vento e frio
Te sento no meu colo te sinto arrepio
E te derrubo
Nas minhas mãos
Sem palmas, tão calmas por não ver céu
Cem almas para se por o sol
Entre teus tantos dedos
Entre meus tantos olhos
Entre
Pois eu não posso ficar
Só,
Contas das tuas tantas compras voando com as folhas no jardim
Prontas tuas tantas falas contando retratos para os teus filhos
Sentados sozinhos nos balanços dos meus braços moles
Meus fins brincando nos teus meios nos lados nos cantos dos teus lábios
Partidos
De vento e frio
Te sento no meu colo te sinto arrepio
E te derrubo
Nas minhas mãos
Sem palmas, tão calmas por não ver céu
Cem almas para se por o sol
Entre teus tantos dedos
Entre meus tantos olhos
Entre
Pois eu não posso ficar
Só,
domingo, 1 de julho de 2012
ventudo
Vendavais de mentes arrastando o inconsciente para o real, criando, nos seus olhos sem contornos, tornados de imagens transcendentais. Seu corpo sendo arrastado para a areia (as ondas ainda o podem alcançar)...Você sabe sobre ser incompleto e sobre a possibilidade infinita de ser o feto de tudo. O grão de areia que entrou, (in)conveniente na palma da sua mão...
sexta-feira, 29 de junho de 2012
dedos e lunetas
Uma órbita ocular jazia no meio da palma da sua mão. Queria piscar, mas estava sozinha, sem cílios, sem pálpebras, sem palavras. Silenciosa e centralizada. E você a observando, na periferia do que era, com um medo visceral, querendo lhe dizer algo adstringente. Mas o buraco negro no lado esquerdo da face adentrava às suas outras e já não sabia qual era a que lhe pertencia. Tantas faces, tantas órbitas, agora todas desequilibradas na mesma e única mão com seus exatos cinco dedos, que eram como pernas estendidas de bailarinas acenando estrelas no céu. Sentia, dilacerado, a falta de um dedo - é desafiador ser ímpar. Não há posse sobre rostos furados. São escorregadios. Findando a mutilação em um aplauso, o omelete de pupilas e órbitas transfigurou o trágico em constelações que orbitavam suas crateras. Voavam cristalinos. Na mão, no lugar antes ocupado, ficara a chaga. Orgulhosa, deixava fluir o vento até os seu olhos quando as mãos envergonhadas eram atraídas pelo rubor do rosto. O ar os atingia apenas porque a mão era um alvo furado - pelo dedo par que se omitia.
terça-feira, 26 de junho de 2012
sobre um ovo verde desossado
Quando se invertem os papéis, e se amassam as pessoas, e engolem-se vidros, e quebram-se rostos, eu sou o oposto. Caindo da janela, eu plano feito uma folha de papel A4 reciclada. Apalpada pelo vácuo, recuo no caos. Com textura de veludo, perco meus ossos. Eles saem pelas minhas orelhas úmidas. Dói razoavelmente, mas me torno tãotãotão leve, leve, feito pena seca de ave em extinção, que a dor cai pesada no chão e morre pisoteada por sapatos de couro legítimo. Meus ossos caem nas cabeças das pessoas. O som do contato ecoa no oco delas. Mas eu não ouço nada, e não as toco, sou onisciente. Meu tímpano ainda sangra e meu equilíbrio também fica um pouco defasado (nessas horas, eu aproveito, danço desafiadoramente). Alguns atravessam os olhos dos que olham, confiantes, para o céu pré-temporal. Algumas, nem sentem, pois têm um amortecimento de última geração comprado com o cartão de crédito, sem limites, em um shopping limpolimpolimpo e branco, muito branco, e vermelho. Minha consciência pesa, pois meus ossos densos tombam violentamente seres que andavam distraídos. Alguns levantam-se, ajeitam o paletó e seguem (cavando o asfalto). Outros, nervosos, brutos, selvagens, roem o osso que lhes acertara. Eu plano tridimensionalmente aparentemente parada. Mas a terra esta girando bêbada de chá verde e shakes e vinhos. Quando embriagada, eu penso em reações químicas: um osso, algo tão quase concreto, transformando-se em gotas de chuva. As crianças são alvos das gotinhas. E brincam, nas poças dos moços que seguem(.), com pés descalços e macios e enrugados. As rugas formam caminhos e labirintos que eu percorro rolando feito uma bola de carne, de segunda, amassada (para ocupar menos espaço). O seu labirinto é responsável pelo seu equilíbrio... Eu li em um livro de biologia, certa vez. E me perdi calculando o peso na balança. O exato é exatamente um ovo. Pode ser sua refeição, ou um animal insignificante piando significações. A terra é elíptica e eu faço planos redonda. Como uma galinha grávida.
quarta-feira, 20 de junho de 2012
Vintzxi reaix
Eu amo minhas havaianas amarelas. E um dia vou ter uma bicicleta. Vou sim! Deixei a Ferrari pra trás. Apesar de o vermelho ser uma cor muito bonita. Mas, nas minhas unhas, ele também cai bem. E, na minha boca, fica muito zeczy, às vezes. Só tenho que cuidar para o vermelho não descascar e o batom não borrar, porque, ai, vou parecer uma mulher tentando seduzir Ferraris. Mulher da vida, acho muito positivo esse jeito de falar. Da vida, acho que eu quero ter esse aposto um dia: Talitha, mulher da vida. No bom sentido. E no mal também, se eu quiser. Sou atriz e eu posso. E teria pernas muito sedutoras, pois andaria de bicicleta.
sexta-feira, 15 de junho de 2012
Neblina
O que me preocupa nessa vida são olhos cansados e mãos encolhidas.
Com a testa enrugada, pulo cordas.
Enquanto crianças correm
Escorrem palavras e filhos
células mortas
dizendo
que chove lá fora
e o bueiro é em mim
tem uma goteira pingando
orvalhos nos meu cílios
Com a testa enrugada, pulo cordas.
Enquanto crianças correm
Escorrem palavras e filhos
células mortas
dizendo
que chove lá fora
e o bueiro é em mim
tem uma goteira pingando
orvalhos nos meu cílios
(04/02/2012)
Um pé no chão e outro no céu. Se eu tivesse mais pés, eles estariam soltos no ar e com as unhas mal pintadas de vermelho. Ai, eu não teria responsabilidade sobre eles. Eles poderiam acertar sua cara ou sua bunda quando ventasse, ou quando brisa, dançar um sapateado sem som, no ar mesmo...Esses outros pés são a vida, e fazem dança por ai...E têm chulé. Mas há o vento.
Suco de tomates
Não desvie o olhar. Quando você resolve coçar a pele em um ato neurótico ao invés de expurgar a ferida no cerne, você estará a espalhando para suas mãos. E a vergonha a levará aos olhos, sensíveis, e será tarde demais. Seu rosto é um molho à bolonhesa à base de tomates maduros e transgênicos. Vá à chuva se lavá! Lágrimas salgadas e sangue desenhando mapas e labirintos na sua face. Poças e crateras para mergulhar em sua alma. Divisor de águas. A chuva se intensifica enquanto você sente o líquido correr em você. Para o mar. Olhos de ressaca. Você já chorou sangue? Já comeu suas remelas de sangue seco? Comer o próprio sumo lhe dá ânsia? Krec krec, mastigar a própria carne pode dar prisão de ventre...ou libertar sua mente;
Ou
“a sua alma é uma multidão com os braços soltos balançando com o sopro na xícara de café da manhã”
Ou
“a sua alma é uma multidão com os braços soltos balançando com o sopro na xícara de café da manhã”
Retrovisordenado
(26/02/2012)
A.sentou-se no banco amarelo. No fundo havia um jardim verde escuro. Fixou o olhar na rua que corria à frente com pernas de passarinho. E olhou dentro, e escorreu fundo. Pessoas e rodas e risos giravam ao redor. Cirandas de crianças sem pernas. Descansou os olhos e eles tornaram-se duas bocas em gritos. Quando os abriu, estava em uma mesa enorme com as pessoas que almoçou e jantou quando suas pernas ainda não tocavam o chão quando sentada na cadeira, e balançavam descontroladas no ar. Era um teto quebrado, inclusive as telhas. Todos os pratos preenchidos, uns mais, outros menos. O prato dela era um filhote de passarinho assado. Ela nunca comeria. E cada um olhava para o próprio. Vezenquando um olho verde de menino olhava o bichinho no prato dela e depois os grandes olhos dela. E desvia o olhar para seu suco de maracujá. E vê-lo beber a calma a fazia sorrir de canto, mesmo com um buraco na barriga. Trasvezes um olho de jabuticaba de cabelos curtos e leves de menina ou mulher que come pouco e é bonita, oferecia um pouco da sobremesa. Mas a boca de A. estava fechada. Os outros se lambuzavam tanto que tapavam os olhos com molho escuro de feijão. E conversavam: A. não quer comer porque não quer. E mastigavam farturas que na verdade eram perninhas secas de ave. Mesmo sem comer A. vomitou na mesa inteira alguma coisa abstrata. E as telhas rachadas caíram sobre as cabeças. Agora A. estava no banco amarelo, sentada com os pés que já alcançavam o chão. Alguns estranhos sentaram ao lado. Houve os que apoiaram a cabeça em seus ombros murchos e partiram. Mas alguns, com roupas em trapos, tiraram do bolço um pão e o dividiram em dois. E ela se lambuzou de pão seco. Mesmo com um buraco no peito.
A.sentou-se no banco amarelo. No fundo havia um jardim verde escuro. Fixou o olhar na rua que corria à frente com pernas de passarinho. E olhou dentro, e escorreu fundo. Pessoas e rodas e risos giravam ao redor. Cirandas de crianças sem pernas. Descansou os olhos e eles tornaram-se duas bocas em gritos. Quando os abriu, estava em uma mesa enorme com as pessoas que almoçou e jantou quando suas pernas ainda não tocavam o chão quando sentada na cadeira, e balançavam descontroladas no ar. Era um teto quebrado, inclusive as telhas. Todos os pratos preenchidos, uns mais, outros menos. O prato dela era um filhote de passarinho assado. Ela nunca comeria. E cada um olhava para o próprio. Vezenquando um olho verde de menino olhava o bichinho no prato dela e depois os grandes olhos dela. E desvia o olhar para seu suco de maracujá. E vê-lo beber a calma a fazia sorrir de canto, mesmo com um buraco na barriga. Trasvezes um olho de jabuticaba de cabelos curtos e leves de menina ou mulher que come pouco e é bonita, oferecia um pouco da sobremesa. Mas a boca de A. estava fechada. Os outros se lambuzavam tanto que tapavam os olhos com molho escuro de feijão. E conversavam: A. não quer comer porque não quer. E mastigavam farturas que na verdade eram perninhas secas de ave. Mesmo sem comer A. vomitou na mesa inteira alguma coisa abstrata. E as telhas rachadas caíram sobre as cabeças. Agora A. estava no banco amarelo, sentada com os pés que já alcançavam o chão. Alguns estranhos sentaram ao lado. Houve os que apoiaram a cabeça em seus ombros murchos e partiram. Mas alguns, com roupas em trapos, tiraram do bolço um pão e o dividiram em dois. E ela se lambuzou de pão seco. Mesmo com um buraco no peito.
quarta-feira, 13 de junho de 2012
Húmus corlírio
Disse para eu girar com os tecidos coloridos soltos em trapos no corpo. Disse que se misturariam sabores e fiapos. Disse que, em algumas ocasiões, eu rasgaria pedaços dos panos. E que minhas mãos teriam energia e força para isso. E eu não me surpreenderia tanto assim, pois eu estaria dançando durante os acontecimentos. E que as partes desnudas seriam pelos e pele arrepiados, lembrando-me grama. E viria o vento, pra lá e pra cá, nas gramíneas. Eu rolaria nelas. Perderia mais alguns trapos. Meu corpo seria arrepios com cheiro de mato e terra. Haveria pequenos galhos nos meus cabelos armados. Eu passaria minha mão cheia de terra no meu rosto cheio de espanto, lavando-o com o lar das minhocas. Sorrindo, meus dentes pareceriam mais brancos. Por causa do contraste. As cores do que eu vestia estavam pintadas de um ritual infantil e um pouco demente. E o que eu não vestia mais era minha nudez me acobertando do que eu não era. Disse que eu veria meu rosto refletido em um lago cinematográfico, que era, na verdade, uma poça em baixo de um balanço velho de um parque abandonado. O buraco que acumulou água para refletir rostos transfigurados e reais, fez-se dos tantos pés de crianças que freavam para parar uma brincadeira. Crianças são sérias e sentem a vida. Adultos dizem saber das coisas. Mesmo que não saiba do que se trata exatamente, prefiro aquela. Mas eu sinto uma coceirinha. Dessa vez não é por causa da grama. Disse que eu mergulharia na pocinha de água terrosa, e seria um lago fundo da Europa medieval. Sairia com os panos de outrora grudando e pesando no corpo. Algumas partes desintegrar-se-iam e ficariam boiando na superfície. Outras se impregnariam no corpo formando desenhos com texturas intangíveis. Um tigre correndo na floresta de dentro dele. Um passarinho pousando nos galhos da minha cabeça. Descobrindo flores entre os fios de cabelo. Bicando minha pupila para eu ver como ele vai crescer bem alimentado. Disse que eu rasgaria meu rosto como se fosse tecido. E que iria embora com a correnteza. Chove cristalino lá fora em mim.
EU COMI TODAS AQUELAS
PALAVRAS. TRITUREI-AS COMO UM TIGRE FAMINTO DILACERANDO UMA CARNE VERMELHA. O
SANGUE ESCORRIA DA MINHA BOCA CONTRA A GRAVIDADE INDO AO ENCONTRO DO AZUL QUE
ESCORRIA DOS MEUS OLHOS. E AI, EU AFUNDEI MEUS PÉS DESCALÇOS NAS POÇAS DAS MINHAS
BOCHECHAS. AFOGUEI-ME, DILUÍ-ME, TOMEI AQUELE LÍQUIDO, O QUAL PREENCHEU MEUS
PULMÕES. TOSSI A MORTE EM ALTO MAR. ARROTEI UMA POESIA, EM DECOMPOSIÇÃO,
DIGERINDO-SE A SI MESMA, COM A MESMA BOCA QUE DILACERARA MÚSCULOS E CORAÇÃO DE
UM BICHO QUE SE ESCONDIA NO MATO. AGORA, FICOU DENTRO DE MIM UM ANIMAL MORTO
COM FRASES ENTALADAS NA GOELA.
terça-feira, 12 de junho de 2012
O meu não saber deixa
minhas mãos vazias
(elas têm o peso do vento nas folhas outonais)
ele me assopra para um abismo
solto-me da árvore e vou caindo
esqueço de respirar
aqueço-me no ar que se movimenta
fazendo-me voar ou cair mais
perdi as dimensões
só sei sobre eu ser pequena
desapareço menina no colo das minhas mãos
que trememtrememtrem bailarinas
transcendentais
(elas têm o peso do vento nas folhas outonais)
ele me assopra para um abismo
solto-me da árvore e vou caindo
esqueço de respirar
aqueço-me no ar que se movimenta
fazendo-me voar ou cair mais
perdi as dimensões
só sei sobre eu ser pequena
desapareço menina no colo das minhas mãos
que trememtrememtrem bailarinas
transcendentais
terça-feira, 8 de maio de 2012
08 de maio de 2012
Sobre pombas morrendo atropeladas e jacas caindo nas cabeças das pessoas, eu juro não pensar. Hoje eu olhei o mar e vi o mar! Conversamos muito. A maioria das palavras eram em português, outras em inglês infantil, e pouquíssimas e sofridas em um francês iniciante. Algumas eram extensas e silenciosas. Falar algumas palavras é como mastigar uma carne. Hoje eu escrevo simples e sem alguns dentes na boca. Eu descobri que tinha muita carne em decomposição entupindo meus pulmões. Uma das coisas mais importantes da vida é andar de bicicleta enquanto fala o que esta vendo. Às vezes é silêncio. Pedalo até esfarelarmos, eu e a bicicleta, e virarmos o som das ondas na praia.
Sobre pombas morrendo atropeladas e jacas caindo nas cabeças das pessoas, eu juro não pensar. Hoje eu olhei o mar e vi o mar! Conversamos muito. A maioria das palavras eram em português, outras em inglês infantil, e pouquíssimas e sofridas em um francês iniciante. Algumas eram extensas e silenciosas. Falar algumas palavras é como mastigar uma carne. Hoje eu escrevo simples e sem alguns dentes na boca. Eu descobri que tinha muita carne em decomposição entupindo meus pulmões. Uma das coisas mais importantes da vida é andar de bicicleta enquanto fala o que esta vendo. Às vezes é silêncio. Pedalo até esfarelarmos, eu e a bicicleta, e virarmos o som das ondas na praia.
segunda-feira, 5 de março de 2012
COME AS YOU ARE
Novembro 2011
Acordei sabendo que hoje o dia seria incrível. Aprendi um jeito sobrenatural de tirar as minhas botas sem precisar puxar o zíper. Fiz uma lista de compras: abacate, gelatina, aveia, adoçante, ritmoneuram, limpar o coco do cachorro. Às vezes, finjo que sou organizada. Mas dura um minuto. E é tão assustador - quanto tudo que é breve. A luz me assusta mais que a escuridão. As duas torres, os 15 min, a alegria de pobre, a ferrari na janela, a picada de mosquito, o yakult, a minha não solidão. Hoje é dia de Smell like this spirit. É o dia que meu intestino vai funcionar direito. E eu comerei uma salada de frutas depois que a glicose tiver feito do meu sangue uma garapa.
Eu disputo um dólar com um bebê que não sabe nadar, mas não afunda, nem asfixia. Estou morrendo afogada e esta sendo divertido. A não ser pelo fato de o coco do cachorro estar boiando e ficando cada vez mais longe. E eu não cumpro minhas obrigações. Hoje eu vou contar que adoraria fazer o papel de uma puta urbana que se droga e tem pensamentos suicidas e dança rock and roll rindo e chorando ao mesmo tempo - sorriso salgado, o nosso - e ama tomar banhos de mar. Eu amaria fazer o papel de um coco de cachorro no sapato do engravatado. Eu quero incomodar. E doer. E feder. Hoje vou protestar pelo direito de todos terem acesso a um bom desodorante. Hoje eu vou contar ao mundo que eu interpreto para o espelho e para ninguém. Hoje eu vou dançar com minha calça mais furada Come as you are como alguém que tem o pescoço deslocado e os cabelos compridos. Vou dançar muito. Eu só quero tentar. Mas eu não serei breve. Eu quero minhas pernas mais finas. Eu vou correr. Mas eu não quero ser breve. Hoje eu quero ser contemporânea. E estrangeira. Eu pintei minhas unhas de azul metálico. Eu escrevi em uma nota alaranjada florescente uma coisa bonita para um amigo e coloquei dentro de um livro azul. Amanhã lhe emprestarei. Eu só quero que ele seja feliz. E eu só não quero ser breve. A arte é minha eternidade.
Não é inspirada em vanguardas européias, nem no renascimento, é em tudonaflor na dor no elevadornococo do cachorro e na solidão. Tomei chá sabor natural e isso me deu a sensação de que eu deveria fazer isso mais vezes. As redes sociais estão tornando as pessoas raposas com pensamentos associativos e não mais lineares - hoje eu li. Recicle e filtre. Infiltre-se. Isso é muito complexo e eu só quero ser simples. Eu só quero tentar. Tá sendo difícil, pois as pessoas são tão dificeis. Persona que sou. A questão é que nem as coisas, nem as pessoas são TÃO. Gosto de intensidade. Um tango. Apesar de não fazer parte de meu repertório musical. Um dia interpretarei uma puta urbana que dança tango e tem pernas finas e sensuais. Não tenho repertórios, nem respeito nem rápido. Rapto gestos simples de pessoas cansadas no ônibus, de donas de casa escolhendo frutas, de roqueiros ao microfone, de uma mulher triste colocando adoçante no chá natural. Das putas eu não rapto nada. Elas são inarruptáveis. E eu sou um réptil. Hoje o dia rastejou rapidamente. Estou com pantufas e com a barriga cheia. E não gastei 1 dólar. É incrível! Mas eu sempre cricricri em quase nada mesmo.
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